Turismo interno vai ser ‘teste’ para a retoma do setor nos Açores

O turismo interno, com o estímulo às viagens dos açorianos interilhas, vai ser um ‘teste’ à retoma do setor nos Açores, depois do choque provocado pela Covid-19, que praticamente paralisou toda a cadeia do turismo durante dois meses e meio, entre meados de março e final de maio.

Recorde-se que o Governo Regional apresentou esta semana a campanha ‘Viver os Açores’, com um orçamento de um milhão e 750 mil euros, com que se pretende apoiar este ano em até 150 euros por pessoa as viagens dos açorianos entre as ilhas.

E para a Associação Turismo dos Açores (ATA), numa altura em que existem ainda limitações ao turismo nacional e, sobretudo, internacional, nomeadamente ao nível dos testes obrigatórios à Covid-19 (ver caixa), esta será uma boa oportunidade para ver e testar como reage a hotelaria, a restauração, as rent-a-car e toda a restante cadeia do turismo às novas regras sanitárias que mudaram a normalidade da vida em sociedade, nos Açores e no mundo.

“Vamos promover esta campanha lançada pelo governo e, neste momento, com as questões relacionadas com a saúde ainda em cima da mesa, o mercado interno pode ser uma maneira de, por um lado, permitir a pessoas que ainda não conheçam todas as ilhas o fazerem e, por outro lado, também uma forma de irmos abrindo lentamente e testando o ciclo do turismo ao longo deste tempo”, afirma em declarações ao Açoriano Oriental o presidente da direção da Associação Turismo dos Açores, Carlos Morais.

No entanto, não se esperam milagres por parte do turismo interno, não só devido à reduzida expressão do mercado açoriano, mas sobretudo porque a pandemia de Covid-19 deixou um rasto de crise por todo o mundo e também nos Açores.

“Sabemos que as pessoas passaram por algumas dificuldades e não nos podemos esquecer que há ainda muita gente em lay-off durante este mês e, provavelmente, durante o próximo, isto além do próprio receio que as pessoas possam ter neste momento em viajar”, afirma o presidente da direção da ATA.

Carlos Morais não deixa, contudo, de admitir que “aguardamos com alguma expectativa para ver o que nos poderá trazer esta campanha”.

Quanto às perspetivas para o verão e para a retoma do turismo, o presidente da direção da ATA refere que esta será ‘muito frágil’, uma vez que “a procura, neste momento, é muito diminuta, embora existam alguns indicadores para quem parte do ‘zero’ que já começam a melhorar”. Por isso, Carlos Morais considera que o verão que agora se irá iniciar não será um verão para ‘pagar contas’, até porque e apesar de já se começar a verificar a abertura gradual dos hotéis e das empresas turísticas, “neste momento ainda existem mais cancelamentos para agosto e setembro do que reservas em relação à operação que existia”.

Recorde-se que a TAP já retomou as ligações regulares aos Açores, bem como a SATA em relação ao continente, devendo a Ryanair reiniciar também a sua operação para os Açores no próximo fim de semana.

Mas, por exemplo, já para o exterior da Região e, nomeadamente, para a América do Norte - Estados Unidos e Canadá - são ainda muitas as incertezas. A TAP, a partir de julho, vai juntar-se este ano à SATA nas ligações diretas entre os Açores e estes dois importantes mercados, mas conforme admite o presidente da direção da ATA, “pensamos que este início de operação estará relacionado essencialmente com o mercado da saudade”.

Até porque, conclui Carlos Morais, “ainda existem limitações de entrada nos Estados Unidos da América e só quando forem alteradas as regras poderemos começar a ver turistas desse mercado. Pensamos que só mais para setembro/outubro a situação poderá estar diferente”. ♦

Teste à Covid-19 deve ser feito antes da viagem

O mercado continental poderia ser importante para a retoma do turismo, mas as perspetivas para já são ainda baixas.
Em causa está sobretudo o modelo de realização de testes à Covid-19 para a entrada e permanência nos Açores, com o presidente da direção da ATA, Carlos Morais, a admitir que “as regras que têm a ver com os testes terão de ter outro caminho, nomeadamente fazer um teste na origem, porque se assim for ainda iremos a tempo de ter algum turismo nacional”. Atualmente, o teste à chegada ou nas 72 horas anteriores e ao sexto dia, para quem fica mais de uma semana, são apontados pelos operadores como um entrave à vinda de turistas nacionais.

Só a Holanda cancelou operação

Apesar da crise provocada pela pandemia de Covid-19, os Açores só viram cancelada até agora a operação da TUI a partir da Holanda, mantendo-se as restantes operações previstas para este ano, embora com atrasos e ainda muita incerteza quanto ao evoluir da situação sanitária na Europa e no mundo.

Em declarações ao Açoriano Oriental, o presidente da direção da Associação Turismo dos Açores, Carlos Morais, afirmou que “a TUI Holanda cancelou a sua operação, à semelhança do que cancelou para outros destinos por falta de procura, mas a TUI Bélgica não cancelou a sua operação, adiando-a para 13 de julho”.

De resto, a operação da Suíça, a novidade deste ano, mantém-se de pé com as mesmas 10 rotações, numa ligação por semana. A companhia SWISS mantém assim a sua intenção de voar para Ponta Delgada, ainda que adiando o seu início, que agora será só em julho, mas também atrasando o seu final, que agora está previsto para a primeira quinzena de setembro. O mercado alemão mantém-se também como aposta.


Fonte: AO Online