Potenciais Impactos Económicos para o Turismo nos Açores da Greve da Atlânticoline
O Núcleo Empresarial da Ilha de São Jorge manifesta a sua profunda preocupação e revolta face aos potenciais impactos económicos que a greve da Atlânticoline, anunciada no passado dia 2 de julho, poderá causar ao setor turístico dos Açores, nomeadamente na ilha de São Jorge.
A paralisação quase total do transporte marítimo de passageiros comprometerá gravemente a experiência dos nossos visitantes e a sustentabilidade de centenas de empresas locais.
Enumeramos alguns dos impactos previsíveis:
1. Dificuldades de Acesso: A greve dificultará a mobilidade interilhas, resultando em cancelamentos e alterações de planos de viagem por parte dos turistas. Estima-se que mais de metade das viagens previstas sejam afetadas, comprometendo a facilidade de deslocação essencial para o turismo regional dado que uma grande parte dos turistas utiliza o transporte marítimo para viajar entre as ilhas.
2. Prejuízos Económicos: Unidades de alojamento, restaurantes, empresas de animação turística, empresas de aluguer de viaturas e outras atividades relacionadas irão sofrer uma diminuição significativa nas suas receitas. A queda no número de turistas impactará diretamente os negócios locais, que dependem do fluxo contínuo da época alta para manter as suas operações e postos de trabalho. Os impactos na economia local ultrapassarão certamente o milhão de euros por semana.
3. Danos em termos de imagem e promoção: A continuidade da greve (quando ainda há pouco tempo se suspendeu uma) e os problemas daí decorrentes irão gerar uma imagem negativa dos Açores como destino turístico. A facilidade de mobilidade entre ilhas é determinante na escolha do destino Açores, um fator que fica gravemente comprometido e criará experiências negativas cujo impacto futuro a médio e longo prazo não é mensurável.
4. Cancelamentos e Reembolsos: O aumento nos pedidos de cancelamento e reembolsos sobrecarregará as agências de viagens e operadores turísticos, criando um ambiente de incerteza e frustração em relação ao destino, comprometendo a organização de operações que incluam o Arquipélago no futuro.
Embora reconheçamos o direito à greve, é fundamental que tal direito não prejudique centenas de empresários que aguardam a época alta para assegurar a sustentabilidade das suas empresas e a manutenção de postos de trabalho. A continuidade desta situação poderá causar danos irreversíveis que levarão anos a ser superados.
A liberdade de uns termina quando começa a liberdade dos outros. É imperativo que haja equilíbrio entre liberdade pessoal e responsabilidade social.
O setor turístico é vital para a economia dos Açores e para o bem-estar das comunidades locais, com particular destaque para o Triângulo, onde a sazonalidade é um elemento altamente penalizador do crescimento económico. Uma greve desta magnitude é de um nível de irresponsabilidade inqualificável.
Assim, e tendo em conta o histórico da postura dos trabalhadores da Atlânticoline que, de forma abusiva e reiterada, prejudicam a empresa e a débil economia das ilhas que servem, este Núcleo aconselha vivamente que o Governo Regional pondere alternativas como a requisição civil ou, futuramente, a privatização da empresa.
Velas, 8 de Julho de 2024.
A Direção do NESJ.