CCAH critica “decisão política” na nomeação para a SATA
Câmara do Comércio de Angra do Heroísmo criticou nomeação do novo presidente da SATA e considerou a mesma uma “decisão política”
A Câmara do Comércio de Angra do Heroísmo (CCAH), nos Açores, considerou ontem a nomeação do antigo diretor regional dos Transportes Aéreos Rui Coutinho para presidente da SATA “uma decisão política” e “ferida de morte”.
“Numa altura em que a nossa companhia aérea necessitava de uma liderança assertiva, determinada, robusta e tecnicamente credível, somos todos surpreendidos pelo contrário. Uma decisão política, tecnicamente desconhecedora e ferida de morte ao nível da sua credibilidade para o desempenho da função, considerando que o nomeado é funcionário do Grupo VINCI, empresa que gere alguns dos aeroportos regionais e nacionais”, lê-se num comunicado de imprensa.
A Associação Empresarial das Ilhas Terceira, Graciosa e São Jorge sublinha que “não está em causa a idoneidade da pessoa nomeada”, mas “o perfil para o cargo”, por se encontrar “ferida do dever de imparcialidade, precisamente por ser empregado da VINCI”.
A CCAH refere ter recebido com “perplexidade” e “desilusão” o nome do novo presidente da companhia aérea pública açoriana, depois de a transportadora “ter estado nos últimos meses à deriva”.
No entender da associação, esta nomeação representa “um retrocesso técnico e civilizacional de 10 anos”, conduzindo a empresa “para os tempos em que decisões ruinosas como a presente” levaram à atual situação “agonizante”.
Estando a exercer funções “num cargo em que está a prazo”, acrescenta, o novo presidente da SATA “nada mais fará do que agradar ao seu verdadeiro e único patrão (VINCI)”, o que “já era visível no seu desempenho como diretor regional”.
A CCAH assinala que Rui Coutinho não tomou “uma única decisão que não tenha sido a de aprofundar as desigualdades entre ilhas dos Açores”, nomeadamente ao nível dos transportes marítimos e aéreos.
Por outro lado, considera preocupante a nomeação de um “conselho estratégico” e alega tratar-se de “um alijar de responsabilidades por parte da tutela”, já que “nada acrescenta e só vem causar ruído, sendo apenas mais uma voz a pronunciar-se sobre assuntos que desconhece, em matérias que deveriam ser discutidas internamente pelos profissionais do setor”.
Apesar das preocupações expressas, a CCAH acredita na resiliência dos profissionais da SATA e na capacidade de recuperação da companhia aérea açoriana, com um processo de privatização conduzido de forma transparente e realista.
“Com determinação, bom senso e uma gestão transparente e idónea, estamos confiantes de que o Grupo SATA poderá superar os desafios atuais e prosperar no futuro próximo”, sublinha.
A Câmara do Comércio de Angra congratula-se com “a forma estoica e abnegada” como a equipa liderada por José Roque “manteve em funcionamento” o Grupo SATA, enquanto não foi nomeado o novo presidente.
Açoriano Oriental (02/07/2024)