Preocupação com limitações de operações aéreas para os Açores
A Câmara do Comércio de Angra do Heroísmo (CCAH) vê, com grande preocupação, o sinal que é dado com o fim da operação da Britsh Airways para a Ilha Terceira.
Em nosso entender, este desfecho acontece fruto do desastroso trabalho promocional feito pelas autoridades responsáveis pelo turismo nos Açores. Os operadores turísticos da Terceira, e exclusivamente estes, tiveram muitas dificuldades em conseguir organizar a sua oferta junto da companhia aérea, sendo que o apoio logístico a este nível foi escasso ou nulo.
Não fosse o trabalho promocional desenvolvido pela CCAH, através da plataforma “ExploreTerceira”, e com recurso a fundos europeus, o falhanço teria sido ainda maior, com taxas de ocupação ainda mais baixas nesses voos. Esta preocupação é aumentada, com o fim da rota para Londres da Ryanair, desfecho que vem totalmente contra o que tinha sido transmitido pela companhia a esta Câmara de Comércio, que inclusivamente pretendia ver aumentados as rotas de mercados europeus para a Ilha, o que, para grande surpresa nossa, não se veio a verificar, tendo essas duas rotas ido para o aeroporto de Ponta Delgada.
A CCAH entende e adverte que a promoção dos Açores nos mercados considerados prioritários, deve ser feita com equidade, de forma uniforme e potencialmente o posicionamento de todas as Ilhas do arquipélago. A ilha de São Miguel, e para grande satisfação de todos os Açoreanos, não precisa de mais voos e muito menos que se continuem a concentrar ligações aéreas nessa Ilha oriundos do mesmo mercado, dificultando o acesso dos turistas e residentes a outras Ilhas e ao exterior, prejudicando, assim, gravemente o desenvolvimento turístico e consequentemente económico dos Açores.
Dentro do mercado liberalizado, o aeroporto da Ilha Terceira já mostrou ter capacidade para ajudar os Açores no seu crescimento turístico. Falta agora os responsáveis técnicos e políticos entenderem essa realidade e deixarem que as suas convicções mais ou menos centralistas continuem a impedir o desenvolvimento das restantes 8 ilhas.
O sucesso das rotas que têm vindo a ser trabalhadas pela CCAH provam que é possível o desenvolvimento do turismo dos Açores, tendo por base a “gateway” da Ilha Terceira. É necessária a abertura política para que tal aconteça. Os sinais não são esses e são preocupantes, bem patente na constante interferência política nos novos horários de inverno da SATA Air Açores. Com o fim destas rotas, e sem que nada esteja previsto para colmatar as mesmas, os empresários das Ilhas Terceira, Graciosa e São Jorge vêm com grande preocupação o próximo verão IATA e a defesa dos inúmeros investimentos que têm feito nesta área, perspetivando o desenvolvimento económico do grupo Central dos Açores.
Assim, e perante este cenário, assume cada vez mais importância a candidatura ao PO Açores que esta Câmara efetuou, de forma a minimizar todos estes “estragos”, sendo que é agora clara toda a polémica levantada aquando da aprovação da mesma: não querem que a Terceira e as restantes Ilhas tenham as mesmas oportunidades de desenvolvimento.
A ideia de que, quando se proporcionam ligações com o exterior para a Terceira, apenas beneficiamos esta Ilha, mas quando tal acontece com São Miguel se está a beneficiar os Açores, tem de ser rapidamente abandonada e dar lugar a uma diferente mentalidade e união regional. Todos beneficiam todos. A falsa ideia de que os turistas e as companhias aéreas não querem voar para qualquer outra ilha que não São Miguel, já caiu. Falta agora a unidade regional.
Assim, a CCAH, dentro dos inúmeros contactos que tem feito, a nível nacional e internacional, assume e reitera a sua disponibilidade para, em conjunto com todas as entidades competentes nos Açores, arranjar soluções que permitam minimizar os impactos no próximo verão no turismo na Região Autónoma dos Açores. Esperava-se deste Governo sinais de mudança e descentralização o que, preocupante e claramente, nesta área, não aconteceu até ao momento.