Associações empresariais não têm de estar de "costas voltadas"

O encontro está marcado para esta sexta-feira, na ilha de São Jorge, e a recetividade por parte das associações empresariais "foi grande", segundo Marcos Couto.

A Câmara de Comércio de Angra do Heroísmo (CCAH) vai promover um encontro entre associações empresariais não setoriais para debater os motivos que levaram à sua criação e para mostrar que não precisam de estar de "costas voltadas", adiantou a DI, o presidente da associação Marcos Couto.


"É importante perceber quais são os objetivos e os motivos que levam ao aparecimento de tantas associações, de que forma é que elas se reveem ou não se reveem na realidade atual, qual o papel delas na sociedade onde estão inseridas. No fundo, abrir um pouco mais a sociedade açoriana a estas novas associações", explicou o presidente da CCAH.


Para além das três câmaras de comércio da região (Ponta Delgada, Angra do Heroísmo e Horta), que têm núcleos nas ilhas que representam, foram criadas, sobretudo nos últimos anos, várias associações empresariais nos Açores.


A Associação Comercial e Industrial da Ilha do Pico já existe há vários anos.


Em São Miguel, havia também já o Núcleo de Empresários da Lagoa, mas foi criada recentemente a Associação Empresarial dos Açores.


No ano passado, São Jorge reativou a sua câmara de comércio e os empresários de Santa Maria acabam de criar uma associação comercial e industrial.


O encontro entre as várias associações está marcado para sexta-feira, às 17h00, na ilha de São Jorge, e é organizado pelo núcleo de São Jorge da CCAH.


Para além de todas as associações empresariais não setoriais, foram convidadas as câmaras de comércio de Ponta Delgada e Horta.


"A recetividade foi grande, acima de tudo, por sentirem que há alguma abertura, pelo menos da Câmara de Comércio de Angra, e quero acreditar que das restantes, para que se converse e para percebermos o que poderá ser o futuro de todas estas associações, para estabelecer pontes e laços de comunicação", avançou Marcos Couto.

 

Acabar com ruído


Segundo o presidente da associação empresarial, existe "demasiado ruído e demasiado conflito" em torno da criação destas associações e da possibilidade de "trabalharem juntas ou com o mesmo objetivo".


"Não nos parece aceitável nesta fase que estejamos aqui com conflitos, com divergências, com bloqueios", apontou.


Marcos Couto salientou que é do interesse de todos que exista uma "boa relação" entre as diferentes associações empresariais, ainda que as câmaras de comércio, instituições centenárias, tenham "uma representatividade completamente diferente".


"Não quer dizer que tenham de estar de costas voltadas, mas também não quer dizer que a representatividade seja igual. Têm de ter parâmetros diferentes, objetivamente, e um deles terá de ser a idade", explicou.


A falta de diálogo entre as diferentes associações empresariais da Região pode, mesmo, ser "penalizadora" para o desenvolvimento dos Açores, na opinião do empresário.


Para o presidente da CCAH, é preciso também quebrar o tabu de que "existem lobbies e barreiras que querem vetar a entrada, a saída e as relações inter-associações", algo que considerou "perfeitamente ultrapassado e inaceitável".


"A Câmara de Comércio de Angra do Heroísmo é uma instituição democrática e entende que todas as associações devem ser assim", frisou.


Questionado sobre a relação com a Câmara de Comércio e Indústria de Ponta Delgada (CCIPD), depois dos desentendimentos públicos recentes, em torno do processo das agendas mobilizadoras, Marcos Couto disse que "não há necessidade de pacificar o que quer que seja".


"Não pode haver é submissões e unanimidades, onde elas não têm de existir. As instituições são autónomas e têm a sua forma de pensar e não há primazias, nem predominâncias de umas em relação a outras", reforçou.

FONTE: Diário Insular