Hoteleiros pedem mais voos diretos durante a época baixa

Os últimos dois meses permitiram colocar o número de dormidas próximo dos valores de 2019, mas os hoteleiros estão preocupados com o início da época baixa e lançam sugestões para diminuir a sazonalidade do destino Açores.

Fernando Neves, representante da Associação de Hotelaria de Portugal nos Açores, considera que a Região deve aproveitar as boas temperaturas do inverno para cativar turistas do centro da Europa, onde os invernos são mais rigorosos e apresentam, muitas vezes, temperaturas negativas.

“Devido à pandemia existem muitas pessoas no centro da Europa que apresentam uma grande vontade de sair de casa e viajar. Estas pessoas, que estão reformadas, podem visitar os Açores e desfrutar do nosso clima. A nossa temperatura é muito agradável para os turistas da Europa, durante o inverno”, explica o empresário.

O grande desafio da Região é garantir voos diretos ou voos com trânsito de curta duração no aeroporto de Lisboa.

“O problema que sentimos agora é a falta de voos diretos de França, Espanha e Alemanha para os Açores. O turista do centro da Europa pode ser muito interessante para a Região, durante esta época baixa, porque estiveram confinados durante muito tempo e apreciam o nosso clima. Até ao Natal, geralmente, temos boas temperaturas e os turistas circulam com roupa de verão. Devemos aproveitar a característica do nosso clima. Aqui chove muitas vezes, é verdade, mas nunca fica a chover durante três ou quatro dias seguidos. No centro da Europa o tempo, durante o inverno, é mais rigoroso, com frio, chuva e neve”, registou.

Fernando Neves considera que a TAP, mas também a SATA, podem assumir um papel importante para promoverem a chegada de mais turistas aos Açores, através de voos diretos ou voos de ligação.

“A TAP apresenta ligações a muitas cidades do centro da Europa e pode fazer a ponte para os turistas chegarem aos Açores, com ligações de curta duração no aeroporto de Lisboa. Isto permite ao turista sair de casa de manhã e chegar aos Açores na hora de almoço. Este sistema já funcionou em 2019 e deve ser retomado. Também a SATA poderá efetuar ligações diretas com cidades do centro da Europa”, desafia o representante dos hoteleiros.

O destino precisa de ser promovido no exterior para cativar mais turistas durante a época baixa.

“O nosso destino apresenta todas as características que são valorizadas pelos turistas. Precisamos de mais promoção e saber vender o nosso produto, com um preço mais elevado. Estamos a vender os Açores a um preço muito inferior ao seu real valor. Nós temos um bom produto e precisamos de valorizar o nosso destino. Só desta forma podemos pagar melhor aos funcionários”, alertou.

Fernando Neves registou que durante o mês de agosto registou uma subida do turismo, mas ainda com uma quebra de 25 por cento, em comparação com agosto de 2019, antes da pandemia.

Turismo de congressos será último segmento a recuperar

O turismo de congresso, segundo a opinião de Fernando Neves, vai ser o último segmento do turismo a recuperar da crise provocada pela pandemia da Covid-19.
O representante da Associação da Hotelaria de Portugal nos Açores (AHP) considera que, em Lisboa, ainda se regista dificuldades em promover um turismo de congresso e eventos.

“Os congressos devem ser o último setor do turismo a recuperar. Isso nota-se em Lisboa, onde o turismo de congressos e eventos, apresenta um grande peso. Considero que se criou o hábito de efetuar eventos em plataformas digitais, mas os congressos vão retomar a sua importância. São oportunidades de aprendizagem, mas também servem para estabelecer contactos profissionais”, assinalou.

Fernando Neves defende que a Região deve aproveitar a sua localização para realizar congressos, envolvendo especialistas da Europa, Estados Unidos da América e Canadá.

“Precisamos de diferenciar o nosso potencial para a realização de congressos”, frisa.

O relatório e contas de 2020 do Teatro Micaelense aponta a dificuldade em realizar congressos devido à subida dos preços dos hotéis, mas o representante da Associação da Hotelaria de Portugal nos Açores considera que o preço dos hotéis não serve de justificação para atrair a realização de eventos.

“Não existe zona mais cara do que Lisboa e é onde existem mais congressos. O preço médio do quarto, em Lisboa, foi de 145 euros durante a semana do Web Summit”, frisou.


Fonte: Açoriano Oriental