Câmara do Comércio dos Açores propõe medidas de 500 ME para impulsionar economia

A Câmara do Comércio e Indústria dos Açores (CCIA) propôs a implementação a quatro anos de medidas de apoio às empresas orçadas em 500 milhões de euros, para "impulsionar a economia" regional, afetada pela pandemia de Covid-19.

"O que estamos a propor é que haja um plano de gastos efetivos ao longo de quatro anos para impulsionar a economia e não apenas o crédito", disse o vice-presidente da CCIA Mário Fortuna, após uma reunião em Ponta Delgada, na ilha de São Miguel, com o presidente do Governo Regional, Vasco Cordeiro.

As medidas propostas pela Câmara do Comércio estão distribuídas em "seis pacotes" a serem implementados ao longo de quatro anos.

O primeiro pacote prioriza a "manutenção do emprego" e tem como medida estruturante a transformação dos valores das linhas de crédito em fundo perdido, porque as "empresas simplesmente não têm condições para absorver todo o crédito novo que foi disponibilizado" pelas linhas de crédito, apontou Fortuna.

No segundo pacote, relativo ao desconfinamento, a organização defende a abertura a voos do continente português em "meados de junho" e a abertura para voos internacionais no "princípio de julho".

Ainda nesse pacote, a CCIA sugeriu investir dois milhões de euros entre 2020 e 2024 (um milhão este ano, outro para 2021 e 750 mil euros divididos pelos dois anos seguintes) para promover o turismo interilhas dos Açores.

"Apresentámos planos a quatro anos”, referiu Mário Fortuna, adiantando que se “fechou tudo de uma vez só, mas para reabrir não vai dar para reabrir de uma só vez”.

O terceiro pacote incide sobre a "formação de ativos", com a criação de um conjunto de programas para a "formação em serviço", sobretudo para promover as "competências digitais" dos profissionais dos diferentes setores.

O quarto pacote é fiscal e propõe a redução do IVA no escalão mais elevado para o máximo diferencial permitido pela Lei de Finanças Regionais, como forma de "impulsionar a capacidade de compra das pessoas" através da redução do preço dos produtos.

A CCIA também propõe a implementação de um "pacote digital", para "trazer muitas empresas online", uma vez que "muitas empresas não têm página ‘web’", exemplificou Fortuna.

Quanto ao último pacote, sugere a criação de um fundo de capital de risco destinado a "acudir" empresas em dificuldades económicas.

"Da nossa parte, o contributo é esse. São reflexões, sugestões, que nós pensamos que podem ser instrumento importante para relançar da economia. Sublinho: são para quatro anos e esta é tarefa que nós vamos ter. Não vamos resolver tudo em 2020", afirmou.

O "Grande Confinamento" levou o Fundo Monetário Internacional a fazer previsões sem precedentes nos seus quase 75 anos: a economia mundial poderá cair 3% em 2020, arrastada por uma contração de 5,9% nos Estados Unidos, de 7,5% na zona euro e de 5,2% no Japão.

Para Portugal, o FMI prevê uma recessão de 8% e uma taxa de desemprego de 13,9% em 2020.


Fonte: Lusa / AO Online