Açores acima da média no aumento da venda e preço de casas
Segundo o INE, no primeiro trimestre de 2019, os Açores registaram um ritmo de crescimento acima da média nacional, tanto do número de casas vendidas como do valor das transações, comparativamente ao mesmo trimestre do ano anterior.
A Região Autónoma dos Açores apresentou um ritmo de crescimento, acima da média nacional, do número de habitações vendidas e do valor das transações no primeiro trimestre deste ano, por comparação com o período homólogo.
Segundo o relatório trimestral do Instituto Nacional de Estatística (INE), o número de casas vendidas nos Açores cresceu 22,6% e o preço das habitações aumentou 45,9%, enquanto o crescimento a nível nacional foi de 12,9% e 7,6%, respetivamente.
Para o economista Flávio Tiago, estes dados poderão estar associados à existência de um desfasamento de ciclos económicos entre a Região e o continente português.
“Quer em termos de expansão quer em termos de retração, os Açores apresentam um desfasamento relativamente ao ciclo económico nacional. Isto nota-se ao nível do turismo, já que começámos a crescer mais tarde e ainda não registámos o abrandamento que se está a verificar a nível nacional”, salienta.
Relativamente aos números dos Açores, o economista aponta duas possíveis justificações - o turismo e os juros bancários.
“Este crescimento evidenciado pelo INE poderá estar associado à diminuição do spread bancário e à dinâmica comercial dos bancos que estarão a incentivar a procura de habitação própria e, além disso, a questão do ciclo do turismo que tem vindo a crescer”, explica Flávio Tiago.
Já o gerente da agência imobiliária ComprarCasa de Ponta Delgada considera que, apesar do aumento da procura de habitações nos Açores, é necessário ter cautela com as avaliações bancárias dos imóveis.
“Apesar do controlo por parte do Banco de Portugal, nós sentimos que os imóveis estão sobreavaliados em termos bancários e, enquanto agentes de mercado, achamos que deve haver alguma cautela”, refere António Afonso.
O responsável pela agência afirma ainda que é evidente, no dia-a-dia, a elevada procura por habitação nos Açores, tanto local como externa.
“Os compradores externos, regra geral, não recorrem a financiamento bancário, ao contrário dos residentes. Para os locais, a condicionante mais relevante é a avaliação bancária para recurso ao financiamento”, realça.
O relatório do INE evidencia ainda que, apesar do aumento do preço das casas em termos homólogos, no que aos trimestres anteriores diz respeito, os aumentos são cada vez menores, além de haver menos casas a serem transacionadas no contexto global.
Para Flávio Tiago, isto pode ser justificado em parte por questões sazonais, como os hábitos de consumo, e ainda pelo turismo.
“A nível nacional, os ajustamentos nos crescimentos sucessivos dos últimos anos eram expectáveis, porque o crescimento do turismo, que tem tido uma influência fundamental no setor da habitação, principalmente nas grandes cidades, tem abrandado”, salienta o economista.
Fonte: Açoriano Oriental